AF306 - Melhoramento de Plantas

 

Tópico: Melhoramento para Resistência a Doenças

 

Resistência a doenças  é um dos principais objetivos do melhoramento

 

Porquê?

v     mais barato

v     de fácil utilização

v     menor agressão

o       ao meio ambiente

o       ao agricultor

o       ao consumidor

Quanto o Brasil gastou nesta safra (2004/2005) somente para combater a ferrugem asiática da soja?

 

Em algumas espécies, o controle de importantes doenças só é feito através da utilização de variedades resistentes

 

v     ferrugens e carvões em cereais e cana-de-açúcar;

v     murchas vasculares em hortaliças;

v     viroses na maioria das culturas.

 

Etapas básicas:

1) Identificar fontes de resistência;

2) Incorporar estes genes em cultivares comerciais

3) Traçar a melhor estratégia para que a resistência seja durável

 

2. VARIABILIDADE DOS PATÓGENOS/RAÇAS FISIOLÓGICAS

 

            Um dos problemas que os melhoristas tem que enfrentar é a variabilidade dos organismos fitopatogênicos (fungos, bactérias, vírus e nematóides).

 

Raça fisiológica

Patógenos da mesma espécie, morfologicamente semelhantes e com mesma virulência. Patógenos de distintas raças fisiológicas apresentam diferentes níveis de resitência.

 

Identificação de raças fisiológicas

v     Pela reação que causam num grupo selecionado do

v     denominados variedades diferenciadoras

v     Melhorista precisa conhecer as raças fisiológicas das principais doenças na cultura que ele está trabalhando.

 

Tipos de reação: resistência e susceptibilidade.

 

O aparecimento ou introdução de novas raças

v     Pode “quebrar” a resistência de uma cultivar a determinada doença.

v     Introduzir novos genes de resistência para essa nova raça fisiológica.

 

3. FONTES DE RESISTÊNCIA

v     Diferentes fontes de germoplasma como doadoras de genes de resistência.

 

A melhor fonte

v     variedades adaptadas com alto potencial produtivo

v     variedades crioulas.

 

Na falta de resistência no material comercial

v     utilizar germoplasma selvagem obtido do centro de diversidade da espécie.

 

Quando genes de resistência não são encontrados no germoplasma da espécie

v     tentar obter essa resistência em espécies aparentadas, através de cruzamento interespecífico.

 

Como introduzir a resistência

v     resistência derivada de um ou pouco genes

o       método dos retrocruzamentos.

v      cruzamento interespecífico

v      fazer a introgressão do germoplasma exótico, através de sucessivos retrocruzamentos com a espécie na qual queremos introduzir a resistência.

 

Exemplo resistência através do cruzamento interespecífico: Café

v     Híbrido de Timor e Icatu são híbridos interespecíficos (Coffea canephora x C. arábica)

v     transferência de genes de resistência à ferrugem-do-cafeeiro

v      Híbrido de Timor: hibridação natural entre estas duas espécies,

v     Icatu:polinização artificial

v     cultivar IAPAR 59: cruzamento entre Coffea arabica, Villa Sarchi 971/10 e o Hibrido de Timor 832/2

 

Conservação de variabilidade genética em bancos de germoplasma

v     é muito importante para garantir que genes de resistência não sejam perdidos.

o       variedades selvagens

o        crioulas

o       espécies aparentadas

v     Além da conservação, também é importante a caracterização das diferentes fontes de germoplasma para a resistência a diferentes doenças.

 

Uso da biotecnologia

v     transgenia: utilização de genes de resistência de espécies não aparentadas ou mesmo de animais e microorganismos

o       Ex. mamão transgênico resistente ao vírus da mancha anelar – Havaí

o       Brasil: Feijão transgênico resistente ao vírus do mosaico dourado (EMBRAPA) – teste de campo

v     as técnicas de biologia molecular podem ser utilizadas para o entendimento dos genes envolvidos na interação hospedeiro/doença

 

4. CLASSIFICAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA RESISTÊNCIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS/ RESISTÊNCIA VERTICAL E HORIZONTAL

 

Classificação de acordo com sua efetividade contra raças do patógeno:

v     Vanderplank (1963)

v     resistência verticais: são efetivas contra algumas raças do patógeno

v     resistências horizontais são efetivas contra todas as raças

 

Controle genético:

v     a resistência vertical é do tipo monogênica

v     a resistência horizontal é do tipo poligênica.

 

Durabilidade:

v     a resistência vertical é de curta duração, pois os patógenos tem capacidade de quebrá-la, quando aparecem ou são introduzidas novas raças para as quais as cultivares não tem resistência.

v     a resistência horizontal parece ser mais durável, pois ela se mantém mesmo com o aparecimento de novas raças do patógeno.

 

Efeitos na epidemia:

v     a resistência vertical, por ser efetiva apenas contra algumas raças do patógeno, age no sentido de reduzir a quantidade de inóculo inicial, fazendo com que o início da epidemia seja atrasado

v      a resistência horizontal, reduz a taxa de desenvolvimento da doença, sem afetar significativamente o inóculo inicial

 

A resistência horizontal

v     Está presente em maior ou menor grau em todas as espécies de hospedeiros.

v     Os genes não são específicos, mas sim genes que normalmente existem em plantas sadias, regulando os processos fisiológicos normais.

 

5. TEORIA GENE-A-GENE DE FLOR DE FLOR

 

Demonstra a existência de uma relação um-a-um entre genes de ataque e defesa, respectivamente, no patógeno e no hospedeiro.

 

Hipótese de Flor:

para cada gene que condiciona uma reação de resistência no hospedeiro existe um gene complementar no patógeno que condiciona a virulência.

 

Tabela. Reações diferenciais compatível (+) e incompatível (-), possíveis entre plantas possuidoras de genes de resistência (R) e susceptibilidade (r), e raças do patógeno contendo um gene de avirulência (V) ou de virulência

 

 

Gene do hospedeiro

Gene do patógeno

R

r

V

-

+

v

+

+

 

 

Conhecimento atual da interação gene-agene:

v     o alelo de avirulência (avr) codifica um elicitor que é reconhecido por um receptor específico (codificado pelo alelo R) na planta hospedeira.

v     O reconhecimento do elicitor inicia um rota de transdução de sinais que ativa genes envolvidos na resposta de hipersensibilidade.

 

6. ESTRATÉGIAS PARA AUMENTO DE RESISTÊNCIA

 

As cultivares modernas de plantas autógamas

v     grande vulnerabilidade por serem homogêneas

v     constituídas de uma única linha pura

v     grande variabilidade dos patógenos faz com que a resistência vertical contida nessas cultivares tenha uma vida útil curta

 

Piramidamento de genes

v     vários genes de resistência vertical são incorporados em um único cultivar

v     probabilidade muito baixa de aparecimento de “super raça” do patógeno contendo todos os genes de virulência necessários para atacar esta combinação

v     Processo de piramidação: muito lento e custoso

 

Rotação de genes

v     Mesmo princípio da rotação de culturas

v     Reduzir a pressão para o aparecimento de novas raças

 

Multilinhas

            Multinhas são uma mistura de linhagens (ou linhas puras)  isogênicas, isto é, que diferem entre si por possuírem diferentes genes de resistência vertical a determinado patógeno.

 

Controle de doenças de plantas autógamas:

v     trigo e aveia.

Como são obtidas as multilinhas

v     método dos retrocruzamentos,

v     cada linha recebe genes de resistência a uma ou algumas raças predominates do patógeno.

v     2 a 10 linhas

 

Ação das multinhas:

v     plantas resistentes a determinada raça se constituem em uma barreira para a dispersão de esporos das plantas suscetíveis.

v     há uma diminuição na concentração e dispersão dos esporos.

v     atrasa o ataque e faz com que os prejuízos com a doença sejam diminuídos.

v     Apesar da resistência vertical, a ação das multilinhas se assemelha à da resistência horizontal.

v     A grande vantagem do uso das multilinhas é sua estabilidade.


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